COLOCAR LIMITES UM GESTO DE AMOR
Gabriela Lanzetta Haack da Rocha Psicóloga
Desde bem cedo, na educação de seus filhos, mesmo os pais mais preparados se deparam com uma questão: a colocação de limites. Muitas vezes angustiados ou inseguros, preocupados em agir da melhor maneira possível, os pais veem-se diante dos dilemas: Como educar quanto ao certo e ao errado? Proibir? Castigar? Bater? Como colocar limites na criança? E por quê? Em primeiro lugar, os limites são importantes para a formação da personalidade. São eles que vão ajudar a criança a desenvolver a capacidade de suportar frustrações. Sabe-se que bebês sem disciplina tendem a tornarem-se adolescentes e adultos que não sabem adiar seus desejos, tendo dificuldades em lidar com os próprios impulsos e, até mesmo, com a realidade. A falta de limites pode provocar desgastes na relação familiar, excesso de castigo, culpa nos pais, e, por tudo isso, sofrimento. Além disso, a birra da infância pode transformar-se, mais tarde, em agressividade, violência ou depressão. Contudo, os pais precisam ter coerência ao educar seus filhos, além de manter suas decisões e atitudes. As crianças não atendem o “de vez em quando”, então, se o não vira sim de vez em quando o limite torna-se elástico. Por isso, sim deve ser sempre sim, e não sempre não. Outra coisa importante é que se estabeleça hora e local para brincar, dormir, comer etc. Organizando, assim, o dia a dia da criança. Além disso, todo tipo de promessa feita deve ser cumprida, por isso é bom que os pais reflitam sempre antes de prometer algo. Prometer castigo não é por um limite real e pode gerar angústia e ansiedade, fazendo com que a criança torne-se assustada e medrosa. Quando não se cumpre as promessas de castigo a criança fica com uma ideia de incerteza, reforçando seu medo e insegurança. A colocação de limites deve iniciar cedo. Ao nascer, a criança inicia seu processo de individualização, que se dará através dos cuidados da mãe com o bebê. Nesta etapa o colo é importante, pois permite que o bebê conheça os limites entre o eu e o não eu. Entre os sete e nove meses as crianças começam a engatinhar e, partem para explorar o mundo. Nessa idade, elas são capazes de compreender o sentido do não, mas ainda não entendem totalmente o significado da proibição. Assim, recomenda-se que os locais perigosos ou que reúnem objetos importantes sejam interditados. Isso irá ajudar no aprendizado do sentido da proibição, que deve ser enfatizado verbalmente. Ao completar o primeiro ano, a criança já compreende plenamente o significado do não e, até os dois anos de idade, vive um “período de paz” com os limites. Porém, aos dois anos de idade, a criança começa a testar a sua autonomia, podendo apresentar crises de birra com os pais. Nessa fase, os pais devem “vencer a briga/birra” e transmitir segurança ao filho. Até aos cinco anos de idade, deve-se ter firmeza ao dizer não. Alguns autores entram em controvérsia quanto à argumentação. Alguns pensam que deve-se dispensar o excesso de justificativas, enquanto outros defendem que a criança possa argumentar seu ponto de vista. Conclui-se, então, que é preciso coragem para educar os filhos com a disciplina necessária. Mesmo que muitas vezes seja mais fácil – e tentador – dizer um “sim”, é preciso colocar limites e, assim, ensinar os filhos a fazerem renúncias e respeitarem o espaço e os direitos dos outros. Essa atitude contribuirá para que as crianças cresçam saudáveis e felizes, aptas a se relacionarem com os outros e a viverem em sociedade. Colocar limites, geralmente, não é tolher a liberdade, mas sim um ato de amor.